Continuação daqui.
Em Fevereiro do ano passado um comunicado da CT da RTP denunciava que se «mantém há 3 anos como administrador, o proprietário de uma produtora e de um canal concorrente da própria empresa, o Dr. Nuno Artur Silva, dono da empresa “Produções Fictícias” e do “Canal Q”»
Os factos conhecidos indiciavam um conflito de interesses entre as qualidades de administrador da RTP e de proprietário de empresas produtoras. Nuno Artur Silva (NAS) alegou na altura «que a lei não o “obriga” a vender as “Produções Fictícias” desde que a RTP não mantenha com esta produtora quaisquer negócios». É o argumento clássico nesta matéria dos conflitos de interesse: não é ilegal.
Entretanto foi produzido um «abaixo-assinado enviado ao primeiro-ministro, ao ministro da Cultura, à administração da RTP e ao presidente do conselho geral independente da empresa pública de rádio e televisão» por «mais de 200 figuras da cultura e dos media (que) questionam saída de Nuno Artur Silva» muitas delas fornecedores de produtos da cóltura e, portanto, em situação de potencial conflito de interesses ao defenderem não haver conflito de interesses na permanência de outro fornecedor.
Se a situação de então já tinha tudo para ser a caldeirada em que as gentes do PS se costumam envolver, verificou-se mais uma das clássicas leis de Murphy que nos diz que a coisa nunca está tão má que não possa piorar. E piorou com a posição de NAS a semana passada sobre a compra da Média Capital (dona da TVI) pelo grupo Cofina que segundo ele «pode vir a ser no futuro próximo a maior ameaça à democracia portuguesa», se conjugada com «o nível elevado de abstenção, com a reconfiguração da direita portuguesa e, sobretudo, com a eleição do deputado do Chega». Posição que por outras palavras já tinha sido tomada pela Impresa do Dr. Balsemão. E o golpe de misericórdia nos conflitos de interesse foi dado quando o homem foi nomeado secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media.
Confirma-se assim que no estado sucial português não há conflito de interesses. Há apenas interesses em conflito. E conclui-se que a família socialista é muito mais do que uma família no sentido estrito. É uma famiglia no sentido napolitano.
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