12/06/2019

Pro memoria (391) - Filipe Pinhal, o primeiro que não teve um apagão de memória

«Filipe Pinhal, que foi afastado do BCP na luta de poder dentro da instituição financeira, diz que as mudanças na administração do banco privado só aconteceram porque tiveram o apoio do “triunvirato” José Sócrates, Teixeira dos Santos e Vítor Constâncio.» (Negócios)

Finalmente, alguém não teve um apagão de memória a respeito do assalto do BCP, tema que inspirou resmas de post aqui no (Im)pertinências, como por exemplo o seguinte de há 10 anos:

A estória é conhecida. Joe Berardo compra acções do Millenium bcp com empréstimos, primeiro da Caixa (onde à época era presidente Santos Ferreira, o actual presidente do Millenium bcp que sucedeu a Filipe Pinhal, homem de confiança de Jardim Gonçalves), do BES (por esta e por outras razões Filipe Pinhal escreveu o que escreveu sobre Ricardo Salgado, o banqueiro do regime socialista) e do Santander. Depois do afastamento da administração Filipe Pinhal, o próprio Millenium bcp financiou Berardo na compra de mais acções do próprio banco. Santos Ferreira reeditava assim um processo semelhante ao de Jardim Gonçalves.

A coisa correu mal porque as acções do Millenium bcp, que Berardo deve ter comprado a um preço médio de cerca de 2 euros, foram caindo até quase 50 cêntimos. Correu mal para Berardo e para os bancos que o financiaram, a quem Berardo tinha oferecido como garantia as próprias acções do bcp. O Santander, que não faz parte complexo político-empresarial socialista português (nem do espanhol), perante a insuficiência da garantia exigiu um reforço e dispunha-se a executar a dívida se tal não acontecesse. Pelo caminho Berardo ofereceu como garantia, que o Santander recusou mas os bancos do regime aceitaram, a colecção de arte que o governo de Sócrates alojou no CCB a expensas dos sujeitos passivos.

O desfecho do episódio, revelado pelo Expresso e não desmentido por Berardo, foi o Millenium bcp, cujo Conselho de Remunerações é presidido por Berardo, prestar uma garantia à primeira interpelação (on first demand) ao Santander, pessoalmente aprovada por Santos Ferreira, que já tinha aprovado empréstimos, primeiro na Caixa e depois no Millenium bcp.

Que este emaranhado de conflitos de interesse pareça normal neste país é apenas um sintoma de como o governo de José Sócrates contribuiu para tornar este país ainda mais anormal.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Ainda existirá , algures por aí, uma coisa que ," no antigamente" se respeitava e se levava a sério...Ministério Público, assim se chamava, creio eu...

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