Outras avarias da geringonça e do país.
Com a popularidade de Costa e as intenções de voto do PS ambas em baixa, a maioria está cada vez mais distante. Em pior situação se encontram o PC e o BE cuja intenções de votos ficam hoje 2 e 1,3 pontos percentuais, respectivamente, abaixo das últimas eleições (fonte). Se não fosse o Ronaldo das Finanças estar a tentar arranjar um emprego permanente em Bruxelas, Costa entregue a si mesmo iria certamente começar a entornar dinheiro em cima da clientela eleitoral.
Em vez de entornar o dinheiro que não há, Costa em alternativa continua a fazer fogo de barragem com medidas, leis, projectos e planos. A última dessas iniciativa foi, como referi a semana passada, o Direito Real de Habitação Duradoura ou Arrendamento Vitalício, sobre o qual quanto mais se sabe mais se percebe que é um aborto inviável que não interessa aos inquilinos nem aos senhorios
Só um sujeito distraído ficaria surpreendido com as manobras e as pressões que o governo fez sobre a OCDE - a que sucumbiu Ángel Gurría, um correlegionário do PRI mexicano, membro da Internacional Socialista - para alterar o capítulo de Portugal sobre corrupção do Economic Survey e afastar Álvaro Santos Pereira, responsável da equipa que preparou o relatório, da apresentação. Está nos genes do PS que em muitos aspectos é tanto ou mais controleiro do que o PC.
Também não há razão para surpresas quando a IGCP (a agência que gere a dúvida pública) apresenta aos investidores estrangeiros uma administração pública com redução dos efectivos como se fosse obra do governo de Costa, quando quem a reduziu em 57 mil foi o governo anterior. Pelo contrário, este governo inchou-a com mais 24 mil utentes da vaca marsupial pública e prepara-se para continuar com mais mil funcionários para as escolas, que um dia poderão ter mais funcionários do que alunos já que estes estão em retracção desde 2009.
A renacionalização dos CTT, defendida por comunistas, berloquistas e sectores afins do PS, seria estúpida até para marxistas que ainda não perceberam que os serviços tradicionais dos CTT estão em esvaziamento rápido. Distribuição de correio e pagamento de pensões desceram para metade desde 2001 e 2005, respectivamente, e as visitas a loja reduziram-se mais de 40% entre 2011 e 2018. Só a distribuição de encomendas aumentou 40% nos últimos dois anos. Os CTT só conseguirão sobreviver sem subsídios públicos se entrarem decididamente no mundo digital moderno e alguém está a ver uma empresa pública a fazê-lo em condições de competitividade?
Provavelmente estamos a chegar ao fim de várias bolhas incluindo a do turismo - a taxa de ocupação da hotelaria desceu ligeiramente 1,3 pontos percentuais em 2018, depois de vários anos a subir. E tem sido o turismo a compensar o défice crescente da balança de bens nos últimos três anos sob a geringonça, ainda assim não o suficiente para evitar que o superavit da balança de bens e serviços tenha vindo a diminuir nos últimos dois anos. Não admira que a balança corrente e de capital, que desde 2012 tem vindo a apresentar um superavit, este tenha igualmente diminuído nos últimos dois anos e caindo 903 milhões em 2018, apesar das remessas de emigrantes que em 2017 atingiram 3,5 mil milhões ou 1,8% do PIB.
Tudo isso explica que não se tenha conseguido reduzir a dívida externa, nem mesmo em termos relativos, já que esta que se encontrava no final de 2018 em 101,3% o mesmo nível de 2011 no auge da crise. Em termos comparativos com a Zona Euro, o endividamento externo português é 20 vezes superior à média (5% do PIB) e constitui um sério problema. Não é preciso ser muito clarividente para perceber que com essa dívida externa e com uma dívida pública que praticamente duplicou nos últimos 10 anos, estamos hoje muito mais vulneráveis a uma crise do que então.
E tudo se complicará com o arrefecimento da economia. O governo tem vindo a propagandear um crescimento acima do crescimento médio da UE, omitindo que isso só acontece devida à recessão italiana e à quebra do crescimento francês e alemão. Quando comparamos com os países com quem nos podemos comparar, o nosso crescimento é "poucochinho" face a Eslováquia (4,1%), Hungria (4,8%), Polónia (5%), Eslovénia (4,9%), Letónia (5%), etc. As fragilidades são tão evidentes que a «Reuters compara economia portuguesa a comboio em risco de descarrilar». No que respeita às exportações Portugal é o quinto país da UE que menos cresceu em 2018.
E acumulam-se os sinais de arrefecimento: o indicador de Formação Bruta de Capital Fixo do INE desacelerou em dezembro, bem como o índice de produção na indústria (fonte). Também o indicador de confiança do ISEG voltou a descer em Janeiro. Se a isto juntarmos o esgotamento da redução do desemprego, que de resto começou a subir em Janeiro, percebe-se que o crescimento baseado no aumento da população activa está esgotado pelo que a partir de agora para crescer será necessário melhorar a produtividade exigindo um aumento do investimento que está longe de acontecer.
Na sociedade "socialista" tuga de 2019 é assim(entre outras coisas "engraçadas" que vão acontecendo no rectângulo): "Os rapazes andam com facas. Sempre que se tenta perceber algo mais deparamos com alusões a rixas. Gangs. Conflitos entre gangs. Ajustes de contas. Depois segue-se o silêncio. Esta violência tal como os assaltos aos velhos não está na agenda. E nós só podemos falar daquilo que o Bloco autoriza, que o Presidente declara ser uma tragédia e que as forças vivas da nação a caminho de mais um simposium avisam ser uma chaga e para a qual já existe um guião prévio dentro da chamada luta de mentalidades. Pelo contrário abordar esta violência que obriga muito frequentemente a entrar no terreno minado das etnias sem ter a certeza de arranjar um “homem branco” para fazer o papel de vilão. Logo as notícias são breves. Ninguém se admira por a polícia não ter detido ninguém. Muito menos se quer saber para onde vão as queixas."(do artigo de Helena Matos no Observador)
ResponderEliminarApenas para lhe dar conta dos últimos avanços da mais zenital conquista civilizacional:
ResponderEliminarhttps://dudeasks.com/how-many-genders-are-there-in-2019/