09/04/2018

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (130)

Outras avarias da geringonça.

Na semana passada o país assistiu a mais um número de prestidigitação do mago Costa a pretexto do financiamento do «teatro independente» que, como se sabe, é o teatro que depende do estado. De caminho, Costa, apertado pelos «artistas», começou por cornear o ministro e o secretário de Estado e acabou a abrir os cordões à bolsa dos contribuintes para pagar espectáculos que não têm espectadores.

Se Costa é um experimentado prestidigitador, o Ronaldo das Finanças não lhe fica atrás, como se ficou a saber pela hermenêutica do termo «carga fiscal» versus «esforço fiscal» com que nos tentou atirar poeira para os olhos iludindo o facto dos 67 mil milhões extorquidos o ano passado representarem 34,7% do PIB e representarem o rácio mais alto desde 1995 (ou antes, porque foi este o primeiro ano que o INE o divulgou). E fazendo que se esquecia que quando apresentou o OE 2017 propôs-se reduzir ... a «carga fiscal», pois claro. Para que não haja dúvidas aí vem um novo imposto pudicamente baptizado de taxa de rotatividade e aplicável às empresas com utilização de contratos a prazo superior à média.

Este governo é o herdeiro das governações socialistas que nos trouxeram vários desastres sendo  um deles os elefantes brancos das parcerias público-privadas que ainda hoje constituem compromissos que representam quase 11% do PIB. Em grande parte é capital público torrado em infraestruturas com um contributo negligenciável para aumentar a capacidade produtiva - é nesta altura que convém lembrar os «estudos do multiplicador» produzidos por luminárias do regime como este ou este, convenientemente soterrados debaixo de toneladas de treta.

Rivalizando com as parcerias público-privadas, outro cemitério de recursos tem sido o malparado da banca. Até agora a conta vai em 17 mil milhões de euros de dinheiro dos contribuintes que a esquerdalhada leva à conta de convenientes abstracções como o sistema financeiro do capitalismo, para evitar que se veja o que está diante dos olhos que grande parte do malparado é originário de projectos dos amigos do regime.

Algumas das consequências das encrencas que os sindicatos controlados pelo Partido Comunista têm inventado na Autoeuropa, para mostrar músculo ao governo e mostrarem aos socialistas o custo do divórcio da geringonça, começam a ser visíveis: as 400 contratações anunciadas há seis meses ficaram adiadas para as calendas gregas.

Para que Costa não tenha dúvidas dos custos do divórcio, todas as semanas temos mais uma onda de greves. A semana passada tivemos a greve da Infraestruturas de Portugal. Nesta semana temos os médicos de 3.ª a 6.ª feira. Na próxima temos os maquinistas da CP e na seguinte temos o Metro de Lisboa e a central comunista já apresentou um pré-aviso de greve do pessoal administrativo das escolas para 4 de Maio.

Se por um lado o Ronaldo das Finanças faz pontapés de bicicleta com as cativações que deixam a rede de hospitais públicos à beira da paralisia e com as contas de pantanas, por outro lado também faz grandes fintas acariciando a freguesia eleitoral e anunciando o «descongelamento» das carreiras de 22 mil funcionários até Março, parte dos 100 mil previstos até ao final do ano, e titilando o rabo dos apparatchiks com um aumento em 2017 de mais de 50% dos gastos com viaturas do Estado.

Falando de viaturas, o mercado automóvel continua a prosperar com as vendas no 1.º trimestre a crescerem 4,7% - as vendas de veículos pesados diminuíram 0,1%.

As exportações têm sido até agora uma das duas tábuas de salvação da geringonça, não por causa dela, mas apesar dela. Os dados da carga movimentada nos portos do continente mostram uma redução de 8% nos dois primeiros meses do ano.

Termino a crónica desta semana com uma notícia recorrente: a dívida pública voltou a subir 2,4 mil milhões em Fevereiro atingindo 246 mil milhões de euros, um novo recorde absoluto e um aumento de 15 mil milhões nos 28 meses de vida deste governo. Durante o consolado socratista, com a economia estagnada, o país endividou-se para financiar os elefantes brancos das obras do regime, agora com a economia a crescer o país endivida-se para quê? Certamente não para financiar o investimento público - o mantra dos socialistas, lembram-se? - porque se em 2010 Portugal era o terceiro país com mais investimento público, em 2017 foi o país com menos.

Aqui fica a pergunta: se o governo não reduz a dívida pública num contexto internacional tão favorável como o presente, com a economia portuguesa a crescer (à custa das exportações e do turismo, recorde-se) como não crescia há duas décadas, quando é que vai reduzi-la?

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