Costa, em resposta à candidatura de Rui Rio a seu parceiro, em substituição do PCP e do Bloco de Esquerda, já tinha mandado dizer por interposto Pedro Marques que acordos sim, mas com «todos os partidos e por maioria de razão com os que têm apoiado esta solução política».
Talvez receando que Rio seja duro de ouvido, Costa mandou Carlos César falar mais grosso na entrevista de hoje ao Visão e fazer a seguinte pergunta retórica, talvez também em nome da sua mulher, do seu filho, da sua nora e do seu irmão, todos por ele empregados no Estado Sucial:
«Nós não viabilizamos um Governo minoritário do PSD. Não viabilizámos agora [nesta legislatura], porque haveríamos de viabilizar em 2019?»Rio que produziu esforçadamente umas ideias espectaculares que poderiam ser subscritas pelo PS de António Costa, pelo CDS de Assunção Cristas, pelo Bloco de Esquerda de Catarina Martins e pelo PCP de Jerónimo de Sousa, para pôr a coisa como João Miguel Tavares a pôs, vê agora o PS a mandar para o caixote de lixo da história aquela sua única ideia clara e original.
Existe uma espécie de “teste de realidade” às ideias políticas: consiste em inverter o sentido da frase e verificar se ela continua a fazer sentido. Por exemplo “privatizar a produção energética / nacionalizar a produção energética” – são duas possibilidades, concorde-se ou não com elas.
ResponderEliminarSe aplicarmos o mesmo teste às propostas de Rui Rio, segundo o artigo do JMT, temos o seguinte: apoiar a disseminação da pobreza; apoiar a fraca natalidade; combater a terceira idade; apoiar a desertificação do interior; promover a insustentabilidade da Segurança Social; combater a solidariedade intergeracional; combater os princípios do Estado social; apoiar a deterioração do Serviço Nacional de Saúde; impedir cuidados hospitalares domiciliários; diminuir a rede nacional de cuidados integrados e de cuidados paliativos; garantir um SNS insustentável e ultrapassado; piorar as escolas e as condições de ensino e aprendizagem; dificultar a ascensão social; abandonar uma política para a infância que promova a igualdade de oportunidades; dificultar o acesso ao ensino superior; desinvestir numa sociedade do conhecimento e inovação; desinvestir numa economia mais competitiva; desistir da ligação das empresas às universidades; levar a cabo políticas públicas inimigas do investimento, da poupança, do emprego de qualidade e capazes de travar o crescimento económico; proporcionar aos portugueses um nível de vida distante do da média da União Europeia; centralizar; ignorar as franjas mais abandonadas do interior.
Nada disto faz qualquer sentido, e por aqui se pode avaliar também a qualidade das medidas propostas por Rui Rio.
(Stonefield)