Outras preces.
«Não faço comentários sobre os meus antecessores. E quando deixar de ser Presidente não farei comentários sobre os meus sucessores» disse Marcelo Rebelo de Sousa, comentando o que o Cavaco Silva, a quem sucedeu em Belém, disse enaltecendo a ausência de verborreia de Macron, chapéu que ele entendeu lhe serviria.
Como já tinha enfiado o chapéu de ser um «um catavento de opiniões erráticas» que Passos Coelho colocou à sua disposição.
Para quem se espante de MRS ter feito o contrário do que disse publicamente antes, recorde-se que é o mesmo Marcelo que uns meses antes de ser entronizado presidente do PSD também garantiu que «só se Cristo descer à terra» se candidataria. O mesmo Marcelo que garantiu ter havido o célebre jantar com Paulo Portas com vichyssoise de entrada. O mesmo que implicitou no início do mandato que só cumpriria o primeiro e está a fazer tudo para assegurar o segundo. O mesmo que garantiu a Isabel II que, com oito anos de idade, filho de um ministro de Salazar, estava na primeira fila da plebe que na Praça do Comércio a viu passar na visita a Lisboa em 1957. O mesmo que ainda garantiu a Isabel II ter-se encontrado com ela em 1985 como «líder da oposição». O mesmo a quem o «Presidente da República Federativa do Brasil, (...) pediu para ser recebido» mas não apareceu. O mesmo que em pleno incêndio de Pedrógão Grande garantiu que «tudo está a ser feito com critério e organização», para poucos dias depois garantir que se iria «apurar tudo, mas mesmo tudo, o que houver a apurar». Ainda o mesmo Marcelo que depois de ter minimizado o desaparecimento de munições em Tancos, veio dias depois defender «uma investigação que apure tudo, factos e responsabilidades». Ah!, já quase esquecia, o mesmo que garante que «não haverá razões institucionais que limitem a capacidade de crescimento».
Não há, portanto, razões para espanto. A não ser talvez desta vez tudo se ter passado de um só fôlego.
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