«Catarina Martins comunicou ao povo deslumbrado que não havia liberdade sem igualdade. Em 1793 Robespierre disse exactamente o mesmo e começou logo a cortar cabeças. A nossa Catarina, na sua imensa moderação, ainda não cortou a cabeça a ninguém. Mas sempre vai espicaçando o governo e o Presidente da República para tornarem Portugal inabitável e paralítico. As criaturas que hoje nos governam não podem ver um tostão a ninguém. Marcelo anda por aí a fazer propaganda contra os gestores que ganham muito, e suponho que está a chocar uma lei para acabar com essas imundas sanguessugas dos pobres. Pensa ele que se trata de uma questão de moralidade. Pensa mal. Do que se trata é da nobre inveja lusitana e do horror por qualquer manifestação de inteligência, habilidade e saber. A igualdade também não entra nesta sopa turva.»
Excerto de «A compressão de Portugal», Vasco Pulido Valente no Observador
Acrescento que o nosso horror por qualquer manifestação de inteligência, habilidade e saber e a nossa rejeição atávica da concorrência não garantem que os nossos gestores e em geral as nossas elites mais abonadas se salientem pela inteligência, habilidade e saber. De onde resulta que em muitos casos há razões objectivas para os ver como imundas sanguessugas dos pobres.
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