«A ideia de que “não há alternativa” – o conceito baptizado de TINA, da formulação inglesa “there is no alternative” – é de uma enorme falácia.
Claro que a “alternativa” existe. Ela é praticada há muitos anos em muitos países e com bons resultados. Na Alemanha, Holanda, Áustria ou Bélgica, para dar apenas alguns exemplos, não consta que haja sucessivos pacotes de austeridade, défices descontrolados, impostos a subir estratosfericamente ou dívidas consideradas impagáveis — até a Bélgica, que há duas décadas era um dos países com o indicador mais alto, na casa dos 130% do PIB, conseguiu colocá-lo já próximo de 100%.
E mesmo a Irlanda, que foi resgatada apenas uns meses antes de nós, isso já é verdadeiramente uma coisa do passado. O PIB já cresce acima dos 4%, o défice orçamental quase não existe e a dívida pública está nos 75%.
A austeridade não é nenhuma fatalidade para quem tem políticas consistentes e responsáveis, para quem toma medidas atempadas para evitar desequilíbrios futuros e para os países que têm uma matriz reformista que procura a competitividade e a produtividade.
O problema são os outros, como nós. Incapazes, como temos sido, de construir uma base sólida de crescimento e convergência, passamos a vida a suspirar por uma “alternativa” e por uma “mudança”, atirando para agentes e decisores externos a responsabilidade das nossas próprias insuficiências.»
«A “alternativa”, grande truque de marketing político», Paulo Ferreira no jornal Eco
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