25/03/2017

Pro memoria (340) - Os inimigos da liberdade (III)


Voltando à anulação da conferência de Jaime Nogueira Pinto na Universidade Nova, Francisco Caramelo, o director da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, resolveu insultar a inteligência das pessoas a quem enviou uma mensagem electrónica referindo que «a decisão de adiar a conferência foi um acto pensado e debatido colectivamente com a direcção da faculdade (para garantir) a liberdade de expressão, resgatando-a de uma envolvência de perigo e da probabilidade de violência", sustentou, acrescentando que "hoje tomaria, em consciência, a mesma decisão».

Recordo este episódio a propósito de um outro ocorrido recentemente no Middlebury College, Vermont em que uma horda de energúmenos politicamente correctos avacalhou uma conferência de Charles Murray, a pretexto de o acharem preconceituoso por ter escrito um livro sobre a relação entre raça e inteligência. Depois de Murray ter sido entrevistado por uma professora os protestos escalaram, os energúmenos puxaram os cabelos da professora e vandalizaram o seu carro.

Murray, o conferencista, comparou mais tarde os energúmenos a «camisas castanhas» e a Economist, que relatou o incidente, recomendou aos energúmenos que se interrogassem como foi possível um sujeito a quem chamaram racista ganhar o direito a compará-los a fascistas. O artigo termina com um conselho lapidar:
«Os estudantes em todo o mundo deveriam interrogar-se porquê a liberdade de expressão, um valor central do liberalismo, está a tornar-se uma bandeira dos conservadores.»

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