«O português, como os decadentes, só conhece os sentimentos passivos: a resignação, o fatalismo, a indolência, o medo do perigo, o servilismo, a timidez e até a inversão.
Quando é viril manifesta-se instintivamente animal a par do seu analfabetismo primitivamente anti-higiénico.
É preciso criar o espírito da aventura contra o sentimentalismo literário dos passadistas.
É preciso destruir este nosso atavismo alcoólico e sebastianista de beira-mar.
É preciso criar e desenvolver a actividade cosmopolita das nossas cidades e dos nossos portos.
É preciso explicar à nossa gente o que é democracia para que não torne a cair em tentação.
É preciso ter a consciência exacta da Actualidade.
O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem, Portugueses já só vos faltam as qualidades.»
“Ultimatum futurista às gerações portuguesas do séc. XX”, Almada Negreiros, 1917
Cem anos depois, se vivesse, em vez de um manifesto anti-Dantas, escreveria Almada um manifesto anti-Marcelo?
Se vivesse, Almada não escreveria o que fosse contra o regime que o subsidiaria. Assim fez durante o Estado Novo. Já o Dantas ainda levantou a voz contra a ditadura...
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