É este o mantra que a direita e a esquerda anti-globalização vêm bramindo há alguns anos para justificar medidas proteccionistas, desmentindo a alegada paixão pela concorrência, no caso da direita, e, no caso da esquerda, contrariando a alegada paixão pela melhoria das condições de vida do Terceiro Mundo, perdão dos países emergentes.
Como muitos outras ideias feitas a partir do passado, também esta pode não ter qualquer fundamento a médio prazo. Segundo o marxismo-leninismo, o capitalismo monopolista exploraria a classe operária dos países imperialistas, culminaria no imperialismo e exploraria os países da periferia até à mais abjecta miséria. Ora, primeiro, a classe operária dos países imperialistas prosperou tanto que quase desapareceu mimada pelo conforto dos estados-providência. Depois a globalização melhorou imensamente as condições de vida dos países antes periféricos e hoje emergentes.
É claro que nos «países imperialistas» muitos empregos desapareceram e nem todos foram substituídos por outros criados pela nova economia. A partir daí uma parte da direita converteu-se à anti-globalização e a esquerda quase em peso encontrou uma bandeira nova para as suas ideias velhas.
Mas será que os empregos na indústria irão fugir todos para a China? Talvez não. Veja-se o quadro seguinte extraído do estudo da Deloitte «2016 Global Manufacturing Competitiveness Index».
Falando dos Estados Unidos, a tendência chamada «Manufacturing 4.0» está a incentivar a produção local diminuindo o custo total de propriedade (TCO), devido a vários factores: (1) redução do custo das matérias-primas e materiais em consequência do shale gas e das técnicas de fracking (2) proximidade de fornecedores locais mais avançados e confiáveis; (3) eliminação de tarifas alfandegárias; (4) redução dos stocks; (5) acesso imediato à inovação sem risco de apropriação da propriedade intelectual. Segundo o estudo, esta tendência levará os EU a ultrapassar a competitividade da China dentro de 4 anos.
Já agora, veja como Portugal continuará na mesma posição e a ser ultrapassado pela Colômbia.
Lá se vai mais uma teoria da ciência de causas pelo cano.
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