08/12/2016

A mentira como política oficial (29) - Diz o nu ao roto (II)

No post anterior confrontei as acusações de maquilhagem de Costa ao governo anterior, a propósito da Caixa, mas deixando implícita a maquilhagem em todo o sistema financeiro, com as suas próprias maquilhagens da execução orçamental que, por agora, ainda só são visíveis a quem as queira ver.

Porém, mais grave do que essa maquilhagem em curso são as golpadas de Costa precisamente no sistema financeiro. Primeiro, ao correr a vender num fim-de-semana a parte boa do Banif ao Santander por 150 milhões, tendo o Estado de injectar 1,7 mil milhões e o Fundo de Resolução 500 milhões. Se tivesse esperado 10 dias, quando estaria em vigor o novo regime que impede os resgates, em vez dos contribuintes, seriam os accionistas, os obrigacionistas e os grandes depositantes do Banif a suportar os prejuízos. (*)

Mas não esperou, fazendo benemerência a todos aqueles últimos à custa dos contribuintes, ficando o ónus do défice ultrapassar os 3% para o governo anterior e impedindo a saída do procedimento dos défices excessivos que seria creditada a Passos Coelho. Com isso, fez de benemérito, colhendo os louros, e atirou a responsabilidade do aumento do défice para cima do governo anterior. Genial.

Segundo, depois de um ano a bramar pela necessidade de recapitalização urgentíssima da Caixa, por um montante que indicia mais uma manobra, Costa chuta-a para 2017 para evitar que o défice ultrapassasse 3%, conseguindo sair do procedimento dos défices excessivos, ganhando espaço de manobra para continuar a comprar a sua clientela eleitoral e colhendo os louros de mais esta «realização», Genial, outra vez.

Devemos reconhecer a Costa um enorme talento de manobrista, só ultrapassado por uma enorme incompetência como estadista e um profundo desprezo pelos interesses do país.

(*) Para uma retrospectiva dessas manobras ver os seguintes posts:
  • 21/12/2015 Dúvidas (138) – Alguns factos, uma certeza e uma dúvida sobre o Banif
  • 23/12/2015 Dúvidas (139) – Alguns factos, uma certeza e uma dúvida sobre o Banif (2)
  • 25/12/2015 Pro memoria (279) – Banif, o presente de Natal socialista
  • 28/12/2015 CASE STUDY: O nevoeiro contabilístico e conceptual à volta do Banif (1)
  • 30/12/2015 CASE STUDY: O nevoeiro contabilístico e conceptual à volta do Banif (2)

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