Por determinação do ministro anexo da Educação, o camarada Mário Nogueira, o seu factótum no ministério deu instruções aos serviços para deixarem de publicar os rankings das escolas baseados nas notas dos seus alunos nos diversos anos e disciplinas.
Segundo explicou João Costa, o ajudante do factótum, num eduquês intraduzível, «este indicador não premeia a retenção e ao mesmo tempo não premeia a seleção de alunos, porque estamos a comparar alunos comparáveis». O que se mede exactamente este indicador ou, em publiquês, o ranking alternativo? Suspeito que ninguém saiba, o que não tem qualquer importância porque «o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDE), Filinto Lima, aplaude as novidades».
E porquê o aplauso? Porque, como deixou perceber o ajudante do factótum, do novo indicador resultam «escolas que habitualmente ficam colocadas em 300.º lugar nos rankings a subirem ao top 5. No topo há uma mancha mais rica de públicas e privadas».
Suponha-se que na vila de Alguidares de Baixo há duas escolas cada uma com uma turma. Numa das escolas os alunos tiveram médias de 14 em dois anos consecutivos. Na outra escola as médias foram, respectivamente 4 e 5. Pelo ranking discriminatório do passado, a primeira escola estava muito melhor classificada em qualquer dos anos; 14 contra 4 e 14 contra 5. Pelo ranking alternativo a segunda escola que mostrou um progresso de 4 para 5 dá um bigode à primeira que não progrediu.
Sabe-se lá porquê, ocorreu-me a estória, já aqui contada algumas vezes, da auto-estrada mexicana. Uma auto-estrada que o governo mexicano teria inaugurado com pompa e circunstância pelo facto de dispor de 3 faixas, embora estreitíssimas. As faixas, de tão estreitas, originaram inúmeros acidentes, forçando o governo passado pouco tempo a reduzi-las para duas, com o argumento que da redução de pouco mais de trinta por cento do número de faixas resultaria um maior acréscimo de segurança. Talvez o resultado tivesse sido mais segurança, mas o que resultou, sem margem para dúvidas, foram enormes engarrafamentos que levaram o governo a voltar ao número original de faixas anunciando entusiasticamente que o número de faixas iria ser aumentado de cinquenta por cento.
Por isto também nunca vamos longe. O Ministro nunca manda nada: é o Mário Nogueira quem faz as políticas.
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