É claro que António Domingues, o novo presidente da Caixa, nos atirou areia para os olhos e os ouvidos ao negar ter tido informação privilegiada para preparar o plano estratégico ainda antes de ter sido nomeado em 1 de Setembro (em meados de Julho Domingues já tinha contratado a McKinsey e o escritório de advogados de Sá Carneiro e em finais de Julho o plano até já tinha sido considerado não credível pelo BCE) e talvez até mesmo ainda quando administrador do BPI, e certamente antes de sequer poder ter a certeza de que seria nomeado.
Mais do que atirar areia, insultou a inteligência das pessoas capazes de perceber que não é possível sem ter acesso a informação privilegiada, apenas com a informação pública, uma criatura a trabalhar sozinha preparar um plano estratégico do maior banco da Jangada de Pedra, empanturrado de crédito malparado, que falhou o stress test do BCE, refúgio de criaturas do regime, ineficiente e cronicamente mal gerido.
Ou, melhor, é possível em Portugal, mas, nesse caso, o governo deveria imediatamente desistir de nomear um impostor chamado António Domingues. Se, com a sua experiência, nada indica que seja impostor, então é provável que como bom socialista seja um mentiroso.
Tudo isto é claro e não restam dúvidas deveria ser denunciado pela oposição à geringonça. Por quem? Por imensa gente - por um qualquer secretário do Príncipe - e não necessariamente pelo líder da oposição Passos Coelho, que acabou a dar mais um tiro no pé. Depois de se ter feito de morto durante muitos meses, deixou-se envolver na polémica com António Domingues, enquanto os patrões dele esfregavam as mãos de contentes ao vê-lo discutir com o empregado. Alguém deveria oferecer a Passos Coelho «O Príncipe» de Maquiavel, antes que seja tarde.
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