Primeiro foi o Pertinente que me tirou as palavras da boca ao referir-se aqui ao «milagre de um dos associados da geringonça, o tele-evangelista professor doutor Louçã, que coordenou um estudo de milagreiros onde se prova que sem troika o défice seria zero. É uma espécie de milagre de Fátima só com pastorinhos da economia dos amanhãs que cantam e sem Nossa Senhora.»
Depois foi José Ferreira Machado, ex-director da Nova School of Business and Economics e actual director de Business & Management da Regent’s University de Londres, que escreveu no jornal SOL sobre o mesmo milagre:
«Francisco Louçã, um político de extrema-esquerda que agora ganhou a respeitabilidade (?) do rótulo de professor de economia, lançou um livro onde defende a tese espantosa que, se não fosse a troika, as contas públicas teriam equilibradas. A aritmética é de merceeiro (ou, mais eruditamente, surpreendentemente linear e a coeficientes fixos vinda de um académico que vez carreira com os tópicos da complexidade e não-linearidade): se existissem menos X desempregados e se tivessem emigrado menos Z jovens, os impostos que eles pagar iam equilibrariam as contas. E se a minha avó estivesse viva....? Mas mais importante do que a metodologia, é o escamotear de dois factos basilares. O primeiro respeita à criação de emprego: como criar empregos para os jovens que emigram ou para os que perdem empregos fruto da concorrência internacional. Certamente não basta querer, pois todos o querem. A estagnação económica é muito anterior à vinda da troika e mesmo à crise de 2008 e tem sido um traço marcante da evolução portuguesa neste século. Finalmente, importa não esquecer que foi o défice e a incapacidade de o financiar que trouxe a troika a Portugal, a chamamento do Governo da República. »
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