«Se um extraterrestre visse o espaço económico dentro do perímetro de Portugal, julgaria que os mais pobres dos pobres são funcionários públicos, maquinistas de metro, motoristas da Carris, professores em geral, taxistas e todo o tipo de sujeito que consegue falar mais alto que os outros. E não há como negá-lo! Dos 400 milhões de euros de custos do estado adicionais que foram decididos logo no início desta legislatura, 9 milhões foram para pensionistas com pensões inferiores ao salário mínimo, sendo os restantes 391 milhões para devolver rendimento aos funcionários públicos.
Vamos buscar os deficientes a casa para irem votar. Mandamos os bombeiros em ambulâncias buscar as pessoas a casa para que possam chegar às mesas de voto e votarem, em igualdade de circunstâncias com todos os outros cidadãos maiores de idade. Estas pessoas são completamente enganadas, porque se em vez de irem votar, fossem de cadeira de rodas atravancar o trânsito para o Marquês de Pombal, já tinham tido os seus interesses satisfeitos, como os taxistas ou os maquinistas do Metro. Se calhar a fração dos 400 milhões de euros era diferente e tinham levado um pouco mais que metade daquilo que foi dado aos taxistas. O custo do seu respeito pela ilusória legalidade democrática é sofrerem o prejuízo em ser português.»
«O prejuízo em ser português», João Pires da Cruz no Observador
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