20/05/2016

CASE STUDY: Um imenso Portugal (30)

[Outros imensos Portugais]

Com Dilma Rousseff suspensa, e muito provavelmente em vias de ser destituída no final do processo de impugnação, Michel Temer como presidente em exercício, um novo governo com 23 ministérios (menos 16 do que o de Dilma), dos quais 7 estão a ser investigados no Lava Jato, o que podemos concluir?

Terá sido um golpe, como alegam os petistas e a esquerdalhada em geral? Absolutamente não. O processo respeitou os procedimentos constitucionais e a câmara dos deputados decidiu democraticamente. Que a «pedalada fiscal» seja um motivo constitucional e politicamente suficiente para a impugnação, isso é outra questão, porque não parece existirem provas de outros crimes, em particular do envolvimento pessoal de Dilma no Lava Jato – não obstante só um ingénuo acreditaria que não soubesse, mas, como é costume à esquerda e à direita, desde que seja por uma «boa causa», fecham-se os olhos. Aliás, Dilma está provavelmente mais limpa do que os tais 7 ministros de Temer agora nomeados.

Do que não restam dúvidas é  da dimensão do desastre político, económico e social que foi a governação do PT nos últimos 13 anos e, em particular, a governação de Dilma, e da profunda corrupção com que Lula e a clique petista governaram o Brasil. Veja-se o caso do ex-ministro José Dirceu, um darling da esquerda pelo seu passado de luta contra a ditadura militar, que foi agora condenado a 23 anos de prisão por corrupção e branqueamento de capitais no caso Lava Jato, condenação que se segue a outra no caso «Mensalão» (o processo de pagamento de luvas com que o PT comprava o voto dos deputados).

E agora? O que se pode esperar de um governo Temer? Não muito, certamente. Apesar de ter alguns ministros competentes, incluindo gente do PT (na verdade, com o sistema eleitoral brasileiro que torna quase impossível as maiorias, é preciso meter quase toda a gente no barco). E apesar de Michel Temer ser um político de qualidade muito acima da média no Brasil: é uma espécie de negativo de Dilma, sujeito calmo, cordial, conciliador e eloquente (Dilma fala num patuá obscuro que os brasileiros chamam dilmês), foi eleito quatro vezes para a câmara dos deputados, foi seu presidente, e teve uma vida fora da política, como advogado, professor universitário com obra publicada sobre direito constitucional (um dos seus livros foi um best seller) e até poesia.

Como disse o palhaço Tiririca, sobre ele próprio, o Brasil com Temer pior não fica. Contudo, a «saída limpa» para esta crise teria de ser outra: dissolução do senado e câmara de deputados, convocação de eleições e revisão da constituição.

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