21/05/2016

Pro memoria (308) - A memória selectiva da Mouse School of Economics

Numa peça intitulada «A banca que era tão sólida...» no Expresso Diário, Nicolau Santos, o pastorinho da economia dos amanhãs que cantam favorito cá da casa, escreveu:

«Os bancos portugueses são sólidos. Os bancos portugueses passam nos testes de stress. Os bancos portugueses são os que melhor têm ultrapassado a crise. Os bancos portugueses apresentam rácios de solvabilidade acima do exigido. Quantas vezes desde 2011 ouvimos estas frases ou outras parecidas, saídas da boca de responsáveis políticos, do supervisor ou de banqueiros? Quantas vezes apontaram eles o dedo a outros sectores da economia, esses sim, a necessitar de profundas reformas, de reduzir pessoal, de vender instalações, de baixar salários, de aumentar a produtividade e a competitividade? Pois, o tsunami começou a chegar à banca em 2013 e desde aí as ondas de choque não páram - a ponto de todos devermos temer que ainda sejamos chamados a pagar para tapar mais outro brutal buraco do sector bancário nacional.»

Repare-se no «desde 2011» e no «eles» e relembre-se que há quase 8 anos, no início da crise, Teixeira dos Santos, o ministro das Finanças de Sócrates, garantiu durante vários meses que os problemas na banca se circunscreviam aos bancos americanos, mais tarde a alguns bancos europeus, mas que os bancos portugueses estavam a salvo. Em Novembro de 2008 informou que o governo iria nacionalizar o BPN, porque afinal sempre havia este banco português com a borda debaixo de água, e em vez de ter o bom senso de ficar calado garantiu no parlamento que «não há, para além do BPN, nenhuma instituição com problemas de solvabilidade».

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