«Um ministro é acusado de fraude em redor de uma bolsa de estudo? Caso fosse de "direita", seria um trafulha sem princípios, alvo da fúria do Facebook e de rábulas de comediantes - demissão já! Como é de esquerda, foi obviamente vítima de uma conspiração sórdida e de péssimo jornalismo. Um autarca decide escorraçar munícipes e espatifar milhões de euros na construção de um templo religioso? Caso fosse de "direita", seria um inaceitável aviltamento do regime laico, uma prepotência atroz e uma despesa criminosa - demissão já! Como é de esquerda (e a religião é o islão), trata-se de um enorme passo ecuménico e um gesto de inegável coragem. Uma nulidade reformada põe um cidadão em tribunal e consegue uma condenação por delito de opinião? Caso fosse de "direita", seria um inimigo da liberdade de expressão e um rematado fascista - demissão já (ainda que o estatuto de reformado dificultasse a tarefa)! Como é de esquerda, é o proverbial filho da boa gente, que se sente tomado por justíssima indignação. Um primeiro-ministro ri-se imenso enquanto arrasta o país para o abismo e, mediante contas alucinadas, despesas típicas e fezadas primitivas, finge salvá-lo. Caso fosse de "direita", seria um cínico desavergonhado, um incompetente ao serviço de interesses obscuros, uma nódoa enfim - demissão já! Como é de esquerda, é exactamente o que se espera que a esquerda seja.»
E se fosse connosco, Alberto Gonçalves no DN
Doutrina Somoza definida aqui.
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