«E sobra ainda este paradoxo político: os que passaram quatro anos a queixar-se de que a anterior maioria legislava não quereria saber da concertação social, são hoje os primeiros a desprezar a concertação social e a irem directamente ao Parlamento, onde os deputados comunistas ao serviço da CGTP e os do Bloco de Esquerda, para não ficarem atrás, se encarregam, sem mais, de transformar em leis da Assembleia as reivindicações sindicais. No meio, fazendo figura de sleeping partner, está o Governo de António Costa, cujo programa e cujas políticas próprias valem aquilo que os seus aliados de ocasião lhe consentem em cada momento - como se viu também a propósito da extinção geral dos exames. Parece que é esta a agenda política para a próxima legislatura: um governo que não ganhou as eleições governa, nem sequer com o seu programa, mas de acordo com o que lhe consente a vontade de forças políticas que representam menos de um quinto dos votos dos eleitores.»
Miguel Sousa Tavares, na sua crónica no Expresso
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