16/12/2015

NÓS VISTOS POR ELES: Por que insistem em convidá-lo?

No auge da «austeridade», por voltas de Fevereiro de 2012, luminárias académicas socialistas e outras resolveram doutorar honoris causa triplamente Paul Krugman, o prémio Nobel da Economia que já foi economista no passado e hoje é um comentador do NYT. Fizeram-no na esperança de que o laureado se juntasse ao exército de pensadores, que hoje estão no governo ou o apoiam, e já então propugnavam aquela receita mágica para sair da crise aumentando o consumo, receita que vinha sendo administrada desde há décadas e fora interrompida quando acabou o dinheiro e chegou a troika.

Inesperadamente para as luminárias, Krugman disse então que «o caminho de Portugal é longo e doloroso», «Portugal tem de descer os salários em relação ao core da zona euro» e pior de tudo disse, arrumando o assunto do governo de Passos Coelho:
«Eu realmente tenho dificuldade em dar conselho ao Governo português. Aliás, detesto dizê-lo, mas não faria as coisas de forma muito diferente daquilo que está a ser feito agora.»
A coisa foi tão decepcionante que o Dr. Soares, traduzindo em palavras o sentimento geral da esquerda, lamentou «Paul Krugman foi uma decepção... Quando o oportunismo dos académicos os leva a contradições, a sua honorabilidade desce... É dos livros!»

Ora foi o mesmo Krugman que voltou novamente a Lisboa numa homenagem a Silva Lopes, com quem estagiara no BdeP nos idos de 1975, e, uma vez mais, cuspiu na mão que o convidou e disse, outra vez, coisas que contradizem a vulgata da esquerdalhada e não era para serem ditas. Tais como:o aumento do salário mínimo em Portugal é «problemático» (toda a gerigonça se deve ter ouriçado) dada a baixa produtividade, que, ao contrário da Grécia, o país não ficou numa «situação tão desesperada» (idem, o gajo vendeu-se ao governo anterior, terão pensado), que «nunca iria sugerir que Portugal saísse do euro» (os camaradas Jerónimo e Catarina devem ter-se arrepiado) e, cúmulo do desaforo, que «o novo Governo não pode fazer muito diferente do anterior» e «deve focar-se no investimento».

Moral da estória: se a criatura tivesse sido convidada pelos «neoliberais» a coisa não poderia ter sido pior.

Porque insistem em convidá-lo? Ora, porque não são como os Bourbons, que nada aprendiam e nada esqueciam. Eles nada aprendem e tudo esquecem.

(Fontes: em casa aqui, aqui, aqui e aqui; lá fora aqui e aqui)

2 comentários:

  1. A pescadinha de rabo na boca : quem é que "foi criado" para credibilizar quem - meteorologistas ou economistas?...

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  2. O trocadilho com os Bourbon está muito bom.
    Mas que qerem... a esquerdalhada é burra. Senão não seriam de esquerda.

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