«Se a entrevista (Público de sábado passado) mostra um Passos surpreendentemente pacificado, não é apenas por ele ser pouco dado a paixões da alma. É porque percebeu que a narrativa de Costa favorece a sua própria narrativa. E que se ele conseguir aguentar-se na liderança do PSD, tem à sua frente mais uma década na alta roda da política portuguesa, como porta-voz dos que querem menos Estado e melhor Estado. Não porque Passos tenha realmente posto esse discurso em prática, mas porque neste estranho país aconteceu esta coisa extraordinária: a esquerda deu como cumpridas as promessas que ele incumpriu e retrata-o como o liberal que prometeu ser mas não foi. Tivesse Passos sido reeleito, e a sua vida como primeiro-ministro estaria acabada em 2019. Neste momento, se aproveitar o período de pousio para regressar viçoso, tem boas hipóteses de estar em São Bento em 2025. Não acredito que António Costa tenha feito um favor ao país. Mas é bem possível que tenha feito um favor a Passos Coelho.»
E se Passos tiver tido sorte?, João Miguel Tavares no Público
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