«A fatal indefinição do estatuto epistemológico das ciências sociais permitiu e incentivou a transformação da Universidade num local de catequização ideológica, de que primeira vítima foi o que classicamente se chamava uma “educação liberal” (Léo Strauss, Liberalism, Ancient & Modern, 1968). Não só: permitiu a livre propagação de todos os desconchavos, com a consequente desfiguração de um curriculum universitário sério e consistente. Hoje em dia, quando se fala apologeticamente de “ciência cidadã” (???); quando se multiplicaram os mandarins académicos que entronizaram o radicalismo, fomentaram a politização do ensino superior e esfacelaram os vestígios de um cânone académico clássico que limitava a arbitrariedade, definia critérios de pertinência e imparcialidade e demarcava excessos de subjectivismo; quando os “estudos culturais”, a “teoria queer”, o “afrocentrismo”, os “estudos de género” e outras extravagâncias sem estatuto disciplinar definido transformaram a Universidade num espaço de militância, subversão e destruição do ethos académico que comandava o ideal da objectividade, da imparcialidade, do rigor intelectual e do saber desinteressado, a própria noção de “ciência” (quanto mais de “verdade”!) acabou ridicularizada, em prol do relativismo cultural, da diversidade identitária e do politicamente correcto.»
Continue a ler «Uma ou duas coisas que Carvalho da Silva devia saber» de Maria de Fátima Bonifácio, no Público, a propósito da manipulação pelo Observatório sobre Crises e Alternativas da taxa de desemprego para a «ajeitar» às teses dos cientistas de causas; manipulação já exposta por João Miguel Tavares.
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