Antes de ser um caso de presunção de inocência, o caso de José Sócrates é uma caso de aritmética: como acumular em menos de 2 anos os séculos de poupanças possíveis com os rendimentos declarados para comprar o apartamento de Passy.
Além de ser um caso de ética pessoal de José Sócrates é um caso de «ética republicana» dos socialistas que ou fazem suas as dores do seu querido líder (os mais corajosos/menos inteligentes, cortar conforme o gosto) ou rasgam as vestes pela violação do segredo de justiça, vestes que ficaram imaculadas com as múltiplas violações do segredo de justiça em casos envolvendo não socialistas, ou os assobiam para o lado (a maioria) ou dizem, como o actual secretário-geral, que «nada disto penaliza e afecta as firmes convicções do PS quanto aos valores que são essenciais num Estado de direito democrático».
É claro que penaliza. Desde logo porque, como escreveu Bruno Faria Lopes no Jornal de Negócios, «a suspeita de corrupção (quem terá corrompido?) leva-nos a duvidar das decisões tomadas na era Sócrates. Leva-nos a questionar, no mínimo, a capacidade de julgamento de algumas pessoas que rodeavam Sócrates e que rodeiam agora Costa». É igualmente claro que os «valores» citados por Costa não valem nada se, como agora, o PS não se demarcar de mais uma dezena de casos em que se envolveu o seu ex-secretário-geral durante quase duas décadas. E nem é preciso falar de (alegados) crimes, basta falar de múltiplos comportamentos eticamente reprováveis como as reiteradas mentiras e as múltiplas tentativas de manipular e condicionar os mídia.
E este caso é ainda um caso de «ética republicana», ou da falta dela, para quem, como os socialistas e a esquerda em geral, se julga possuído por uma superioridade moral que em boa verdade não é moral e muito menos superioridade.
Quando se fizer o julgamento haverá muita gente que terá de pedir desculpa a Felicia Cabrita, Moura Guedes e outros jornalistas enxovalhados na praça pública por mentirosos.
ResponderEliminar