Escreve-me um amigo com grande tristeza: «o Costa começa a estar debaixo de fogo... e a procissão ainda vai no adro...»
Respondo, perguntando: poderia ser de outro modo, depois de ser trazido ao colo por uma imprensa amestrada a incensá-lo como um dom sebastião que chegará numa madrugada de nevoeiro para salvar este Reino de Pacheco?
Contudo, fiquemos tranquilos, isso não vai evitar que ele seja o primeiro-ministro o mais tardar em Outubro do próximo ano. Até um coxo o seria, bastando dizer as patetices que os portugueses querem ouvir.
Quem o critica agora até lhe faz um favor que é o de reduzir a expectativa e diminuir a inevitável desilusão. Sim, porque Costa tem essencialmente dois caminhos: ou bem que faz o que é preciso ser feito (aquilo que os portugueses que adoram ser iludidos por discursos milagreiros não querem que seja feito) ou bem segue o caminho que o PS costumava seguir quando podia contar sem preocupações com o dinheiro dos credores e/ou dos contribuintes (ambos já tão esfolados que não querem dar mais para o peditório). Mais cedo do que tarde, o primeiro caminho vai dar ao segundo precedido de outra bancarrota. Em ambos os casos, a maioria acabará desapontada, embora certamente prefira o segundo caminho e a bancarrota porque sempre será possível repetir a receita de empurrar a responsabilidade para as agências de rating, o FMI, a troika, a dona Merkel e, agora, já não sendo possível cascar no Barroso (mas nunca se sabe...), o Juncker.
Como diz o ditado: é possível enganar toda a gente algum tempo; é possível enganar alguns toda a vida; não é possível enganar todos toda a vida.
PS: Não está provado que o ditado seja aplicável a Portugal. Pelo contrário, existem fortes indícios da sua inaplicabilidade. Ora leia-se moção de António Costa ao Congresso do PS que «não aceita a perspectiva de que as dificuldades que enfrentamos sejam responsabilidade de Portugal e dos portugueses». Na perspectiva de Costa de quem é a responsabilidade das nossas maleitas? Ora, de quem há-de ser? Das agências de rating, do FMI, da troika, da dona Merkel e, agora, já não sendo possível cascar no Barroso (mas nunca se sabe...), do Juncker. De quem mais haveria de ser?
Boa.
ResponderEliminarSempre achei. Vexas têm "montes" de graça. E as análises feitas são tão simples, tão claras. Até faz raiva como eu não me lembro de levar a vida a rir como vós. E, na minha cultura, quem ri da vida é quem muito sofreu com a vida. Claro que é um maior motivo do respeito que tenho por vós.
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