Era uma vez um criador de bois que tinha um boi destinado à reprodução que não reproduzia, apesar de cobrir as vacas, como se diz em linguagem técnica, porque, descobriu o veterinário, o sémen era aguado. Ao que o criador, para não perder tudo, decidiu enviar o boi para o destino mais comum dos bois que é o prato. Ninguém se comoveu, nem se indignou e o boi lá foi pacificamente abatido – um passo inevitável para chegar ao prato.
Moral desta estória: boi hétero que não cobre as vacas acaba no matadouro.
Era uma outra vez um outro criador de bois que tinha um boi destinado à reprodução, que também não reproduzia como o outro, porque, descobriu o veterinário, não gostava de vacas por ser um boi gay. Ao que o criador para não perder tudo decidiu enviar o boi para o destino mais comum dos bois que é o prato. Houve gente comovida e indignada, entre eles um produtor de Hollywood e mais 250 outras pessoas sensibilizados por uma campanha de solidariedade de associações gay e de defesa dos animais que compraram o bicho e o enviaram para um «Santuário de Animais» onde, esperam certamente, o Benjy, assim se chama a besta, possa fazer o coming out sem traumas, encontrar parceiros compatíveis e viver feliz.
Moral desta outra estória: boi gay que não cobre as vacas acaba no santuário.
É uma espécie de discriminação não discriminatória.
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