20/08/2014

CASE STUDY: o cobrador do fraque vem a caminho (II)

Quando há 5 anos a CIMPOR foi opada e a Zon (hoje NOS) foi controlada pela cleptocracia da família dos Santos escrevi que há uma meia dúzia de anos (que hoje são 11 anos), começou a ficar para mim evidente que tínhamos entrado no túnel dos défices gémeos (da balança comercial e do orçamento) associados, como de costume, a uma poupança em contracção gerando, num quadro de estagnação da produtividade e do crescimento, um inevitável crescente endividamento. Na ausência de reformas profundas e com a engorda do Estado, esta situação só nos poderia conduzir à espiral onde nos encontramos: mais endividamento, mais juros, mais défices, menos poupança, mais endividamento, …

Lembro-me de um amigo contrariar nessa altura o meu «pessimismo» argumentando que no interior da mesma zona monetária os défices e o endividamento seriam irrelevantes, porque não haveria desvalorização e simplesmente os fluxos monetários compensariam esses desequilíbrios. Para me arrumar, apontou o exemplo do Alentejo que, se houvesse uma contabilidade regional evidenciaria por certo défices gémeos e endividamento crescente, et pourtant. Ainda lhe disse que o problema seria precisamente esse – o Alentejo era já uma região falida com os activos dos alentejanos a passarem para as mãos dos não alentejanos, com os espanhóis à cabeça, e o seu nível de vida estagnado e Portugal arriscava-se a ser um grande Alentejo. Mas perante a inabalável fé há pouco a fazer. A não ser esperar que os factos e o tempo abalem a fé do crente.

Recordo esse episódio a propósito de mais uma empresa portuguesa que vai ser opada pelos mexicanos do Grupo Empresarial Ángeles. Trata-se da Espírito Santo Saúde, participada pela RioForte do GES que está em situação de falência controlada.

Alguém se recorda da saga da defesa dos centros de decisão nacional em que alguns dos principais prosélitos foram os primeiros a contribuir para a famigerada transferência desses centros? Para recordar ver a série de post do Pertinente «A defesa dos centros de decisão nacional».

1 comentário:

  1. Não li sobre este assunto tudo o que escreveu sobre os "centros"

    Mas queria só dizer que para além da caixa de esmolas que se está a vender. Temos vantagem de:

    Quanto mais dispersa estiverem os proprietários destes "centros", possivelmente menos compadrio existirá entre os Governos (o caso exemplar extremo será os Governos Socráticos e o BES, BCP,...)

    Por isso acho que a divisão às postas será sempre boa dos centro de decisão.

    ASA

    ResponderEliminar