02/12/2013

De boas intenções está o inferno cheio (17) – A religião é a política por outros meios?

Instintivamente, desconfiei do Papa Francisco. Tive e tenho dúvidas que seja um bom papa para a Igreja e tenho dúvidas de que seja um bom papa para o mundo. É o estilo e a substância. Cheira-me a teologia da libertação.

Escrevi o que antecede duas semanas depois da tomada de posse. Decorridos sete meses, a sua primeira «exortação apostólica» Evangelii Gaudium foi acolhida com surpreendente gáudio pelo tele-evangelista Louçã e pelo papa do socialismo lusitano Soares, agora convertido à teologia da libertação na sua versão de violência libertadora. No mínimo, trata-se um enorme equívoco, filho ilegítimo do excesso de causas e da falta de soluções da esquerda. Mas suspeito que possam ser dois: o do Papa Francisco e o dos convertidos. A não ser que coloquemos a religião no papel que von Clausewitz atribuiu à guerra.

Por coincidência, pouco depois de registar o gáudio do novo Pacheco, li o post What if? de Joaquim Couto no Portugal Contemporâneo, que transcrevo por me poupar a escrever, por outras palavras, pouco mais ou menos ou mesmo.

«O populismo é, em grande parte, responsável pela miséria que grassa na América do Sul. A Argentina, por exemplo, que já foi um dos países mais desenvolvidos do mundo, anda hoje de mão estendida. A Venezuela vai a caminho do colapso total e de Cuba, nem é bom falar. Pelo contrário, o Chile abraçou um caminho diferente e obteve um resultado exatamente oposto.

Se tivéssemos um governo global, nas mãos de uma Kirchner, de um Maduro ou de um Castro, o que seria de esperar? Miséria, miséria e mais miséria. Não tenho qualquer dúvida sobre isso, nem vou dar troco a quem afirmar o contrário.

Felizmente não há governos globais, mas há pessoas que, pelos cargos que ocupam, são líderes globais e podem exercer uma influência global. É o que há de mais parecido a um governo global, são magistraturas de influência global.

Continuando nos “ses”... E se um destes líderes globais fosse um populista, saído da fornalha argentina, retórico exímio, disposto a usar o prestígio do seu cargo para incendiar a rua e desencadear ondas de violência? E se fosse alguém que afirmasse que “a economia capitalista mata” e que trata os seres humanos como “lixo”?

Não faltariam débeis mentais a pensar que tinham luz verde para a violência, porque se trataria de legítima defesa contra uma ameaça de morte.

Infelizmente, na minha opinião, o Papa Francisco está a colocar-se, ou a deixar-se colocar, nesta incómoda posição de difundir ideias que foram fatais em todos os países que as adoptaram. Daí, estar a ser tão elogiado por pessoas como Mário Soares e Francisco Louça, pessoas que de religião devem perceber tanto um peru de Natal, depois de receber a sua dose misericordiosa de água-ardente.

Se Francisco tiver sucesso na sua cruzada ideológica contra o que designa por “capitalismo selvagem”, “monetarização social” e a “lixificação dos seres humanos”, há uma coisa que posso garantir – no final do seu papado, os ricos estarão mais ricos e os pobres estarão mais pobres. Porque o capitalismo é o único sistema capaz de tirar milhões de seres humanos da pobreza (pensem na China).

Em particular, os países protestantes, que se estão completamente nas tintas para o Francisco, estarão mais ricos. E os católicos estarão mais pobres. Deus queira que me engane!»

4 comentários:

  1. Permita-me a correcção : Joaquim Couto.
    E sim, o "post" é certeiro.

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  2. Já está corrigido, com as minhas desculpas pelo erro e pela apropriação do seu texto.

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  3. Existe uma grande diferença entre o 'capitalismo selvagem' e desumano e a 'monetarização social' a que o Papa se refere a meu ver correctamente e o sistema capitalista 'per se' para o qual ainda não conseguimos arranjar uma alternativa melhor. Não misturemos alhos com bugalhos... Ninguém está a defender o 'populismo', o comunismo, o socialismo ou o 'papismo' mas uma coisa é certa: O sistema capitalista não sobreviverá no seu presente formato, se não conseguirmos resolver rapidamente as desigualdades humanas e financeiras existentes globalmente. E a não existência actual de um sistema mais justo que promova o crescimento e ao mesmo tempo diminua as desigualdades financeiras, não quer dizer que não possa vir a existir. Tomemos por exemplo a Suécia e a Noruega onde tais disparidades não existem devido ao sistema social desenvolvido ao longo dos anos. Se queremos um sistema mais justo, é responsabilidade de todos nós, incluindo o actual Papa, denunciar e tentar eliminar as desigualdades existentes. E não estou a defender o actual Papa... faria exactamente as mesmas afirmações se fosse o Dalai Lama ou o Zé da Esquina...

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