Tenho lido com interesse a série de posts de Pedro Arroja sobre a igualdade, a mulher e o casamento, série começada com este. E também sobre Kant, como saco de pancada.
Se é certo que partilho com PA pelo menos a visão da diferença essencial entre o homem e a mulher e da sua imanente complementaridade, que o politicamente correcto e o feminismo militante negam, não é menos certo que no plano das práticas sociais de há muito aceitei que a vida moderna nas sociedades ocidentais (leia-se: o acesso das mulheres ao mercado de trabalho e a pílula) mudaram para sempre, para o melhor e para o pior, o papel da mulher e a sua relação com o homem. Daqui decorre que quem espere casar-se ou o equivalente pós-moderno com uma fada do lar que aceite o papel que PA lhe reserva está condenado a ficar solteiro ou a dormir sozinho. Num certo sentido, ainda bem.
Por isso, se é certo que também partilho a análise de Carlos Guimarães Pinto, no post provocatoriamente intitulado «Mohammed Arroja», das prováveis consequências demográficas, sociais e culturais destas mudanças, não é menos certo que duvido muito das suas pré-visões determinísticas de que o instinto de preservação das sociedades as levará a culturas mais conservadoras que suportem a reprodução indispensável a essa preservação. Haverá mais vias, umas potencialmente ainda piores do que o retorno às culturas conservadoras, como a biotecnologia ao serviço de um Estado orwelliano, outras melhores.
Sem comentários:
Enviar um comentário