26/02/2013

Lost in translation (169) – Não vamos pagar a dívida do Estado Social, está ele a evitar dizer

«Os portugueses não podem continuar a fazer tantos sacrifícios. Não aceitamos mais nenhuma medida de austeridade, nem que seja um pacote de 800 milhões chamado plano B, nem mais 4 mil milhões de cortes nas funções sociais do Estado. Não aceitamos, não aceitamos.» Foi o que disse António José Seguro.

Ponhamos a coisa na perspectiva da situação actual da dívida pública.

Fonte: Nota Mensal sobre a Dívida Pública – janeiro de 2013 da UTAO - Unidade Técnica de Apoio Orçamental

Como pretenderá AJS, continuando o business as usual, fazer face ao serviço desta dívida, ao qual será necessário adicionar umas dezenas de milhares de milhões da nova dívida que vamos ter que contrair nos próximos anos? Nas circunstâncias que defrontamos, a tradução da conversa fiada de AJS é: vamos extorquir aos credores um combinado de haircut, redução de taxas e reescalonamento da dívida. É bem provável que tenhamos de tentar. Contudo, ainda assim, nada nos safará de pagar o preço da extorsão aos credores com ainda mais austeridade. Recorde-se, a propósito, que a austeridade não é uma política, é um incontornável constrangimento.

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