Já por várias vezes (por exemplo aqui e aqui) escrevemos no (Im)pertinências sobre este mito dos juros usurários diligentemente cultivado pela esquerdalhada em geral e por alguns outros picaretas falantes, como o emérito professor Marcelo.
Para não me estar a repetir, vou citar o artigo de Ricardo Reis, um «estrangeirado», professor de Economia na Universidade de Columbia, que escreveu no Dinheiro Vivo um artigo sobre este tema, de onde extraio os seguintes dois parágrafos:
«Vamos antes comparar Portugal hoje com Portugal no passado. Qual era a taxa de juro entre 1982 e 1984, quando tivemos o último programa do FMI? Acima de 20%. Qual foi a taxa de juro que pagámos nos anos 90, antes de adotarmos o euro? Entre 4% e 7,6%.
Já agora, entre 2002 e 2008, os anos do crédito barato que jorrava da Europa, qual era a taxa de juro na dívida portuguesa? Em média, foram cerca de 4%, no máximo 5,4% e no mês mais baixo, em setembro de 2005, a taxa foi 3,2%. Leu bem, a taxa de juro de 3,2% que pagamos hoje aos nossos parceiros europeus é mais baixa do que a taxa de juro na dívida portuguesa em qualquer mês nas últimas décadas. Não é raro ouvir ou ler comentadores que primeiro apontam o dedo ao crédito barato de que gozámos depois da entrada no euro como responsável pela crise, para depois se revoltarem contra os agiotas da troika e as suas taxas abusivas. Os factos não são generosos para com este ponto de vista.»
Em conclusão, os juros não são usurários, se tivéssemos acesso aos mercados da dívida, que não temos, pagaríamos juros muitíssimo superiores e, por isso, nem uma troika composta por António José Seguro, Jerónimo de Sousa e o cabeça de casal do Bloco de Esquerda, todos com uma corda ao pescoço prometendo que nunca se proporiam para governar o país, conseguiria da outra troika uma redução de mais do que 10 ou 20 pontos base.
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