11/11/2012

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Monsieur de La Palice do Banco de Portugal

Se fossemos um país normal, seria normal apelidar Carlos Costa, o governador do BdeP, de Monsieur de La Palice por nos dar informações triviais. Porém, o que é trivial num país normal não o é num habituado durante décadas a viver da mama dos empréstimos, em condições mais adequadas, pelo menos na década passada, a países solventes do que aos liderados por bandos de trampolineiros caminhando alegremente para o bailout.

Por isso, neste Portugal, quem lembrar trivialidades tais como
  • «o país tem uma insuficiência crónica de poupança interna e, por causa disso, a prazo tem um problema de gestão macroeconómica», ou
  • «uma economia só cresce em função da poupança que gera», ou ainda
  • «a poupança não é produtiva. É só uma abstenção do consumo. Mas se essa abstenção for transformada em investimento, não só se protege a si, porque poupa, como protege a sociedade, porque permite depois um crescimento económico»,
corre o risco de não ser entendido, ou ser até insultado, desde logo porque usa uma palavra que não faz parte do vocabulário do homo lusitanicus, enquanto subespécie vocacionada para o consumo a crédito.

Apelidar Carlos Costa de Monsieur de La Palice não será, portanto, ofensivo para o próprio. Sê-lo-á, contudo, para o Monsieur que nunca terá dito o que se diz que disse, como aqui se recorda.

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