30/08/2012

CASE STUDY: Brasil, o estado social tropical

Depois de 9 anos de governação do PT, primeiro comandado por Lula da Silva e depois pela «presidenta» Dilma Rousseff, o aparelho de estado brasileiro consolidou o seu peso mastodôntico e o tradicional dirigismo na economia. Não obstante, ou, melhor, por isso mesmo, em seguida a vários anos de forte crescimento, proporcionado pelas medidas dos governos de Fernando Henrique Cardoso e puxado pelas exportações de minerais e produtos agrícolas, a economia desacelerou para 2,7% o ano passado e estima-se que não atinja 2% este ano. Para um país com um crescimento demográfico superior a 1% e um PIB per capita de menos de USD 12 mil (PPC), com recursos minerais abundantes, incluindo enormes reservas de petróleo no pré-sal, reconheça-se que é um crescimento anémico. Consciente disso, o Banco Central irá provavelmente cortar uma vez mais taxa base para tentar espevitar a economia, expediente que num país com uma longa tradição de hiperinflação talvez não seja uma boa ideia - ainda hoje a inflação está acima dos 5%.

A única coisa que cresceu obvia e continuamente foi o Estado e a despesa pública. Apesar do número de funcionários públicos não ser muito elevado pelos padrões europeus, estima-se em 12% da população activa de 105 milhões (66% nos serviços e apenas 14% na indústria), a despesa com salários e pensões dos funcionários públicos ultrapassa 12% do PIB. Já hoje os salários dos funcionários públicos são o dobro do sector privado para funções comparáveis e crescem rapidamente puxados por constantes greves e exigências absurdas de aumentos múltiplos da inflação.

Recentemente a Economist publicou um interessante artigo de onde extraí o diagrama seguinte.

Fonte: «Facing headwinds, Dilma changes course»

Com esta máquina pesadíssima não admira os recursos financeiros terem sido insuficientes para o investimento em infraestruturas rodoviárias, ferroviárias (inexistentes) e portuárias, investimento que tem sido muito inferior às necessidades de um país com 205 milhões de habitantes espalhados por 8,5 milhões de km2, área equivalente a 95 portugais, divididos por 26 estados e um distrito federal.

A focalização do investimento público nas duas grandes obras do regime, a Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, irá absorver uma parte significativa dos recursos públicos disponíveis, provavelmente muito mais de 30 mil milhões de euros. Londres, depois de várias revisões do orçamento olímpico, ultrapassou os 14 mil milhões – imagine-se o que a megalomania, a corrupção endémica nas obras públicas e uma gestão deficiente de grandes projectos podem fazer no caso do Brasil.

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