05/06/2012

Ponto de situação com adenda

Apesar da evidente falta de ímpeto reformista deste governo, não estou desiludido. Principalmente porque nunca estive iludido. Desde o início se poderia perceber que o governo não tinha uma visão reformista sólida e vários dos seus ministros poderiam mais facilmente ser identificados com as políticas socialistas do que outra coisa.

De resto, a verdade amarga é que um governo solidamente reformista não teria apoio popular porque a maioria do povo não quer reformas. Quer apenas que a situação melhor para tudo ficar na mesma, ou seja continuar ao colo do Estado, ainda que isso signifique a perda de liberdades – a nossa história mostra-nos apreciadores da baderna mas pouco amantes das liberdades que implicam deveres para com os outros e o país.

A «indignação» da oposição, uma espécie de coligação negativa que abrange os herdeiros dos responsáveis pelo PREC e os herdeiros dos responsáveis pela governação dos últimos quinze, que em duas épocas distintas conduziram o país à falência, talvez indicie que o governo pode não estar muito longe do limite possível de reformas que em democracia se poderão fazer em Portugal.

ADENDA:
Já depois de ter escrito este post, ficámos a saber pela sondagem da Universidade Católica que PSD e PS estão empatados nas intenções de voto e que a esquerda parlamentar, abrangendo os herdeiros dos responsáveis pelas 3 intervenções do FMI, tem a maioria das intenções de voto. E ficámos a conhecer mais uma intervenção da Drª. Ferreira Leite onde sublinha que o memorando assinado pelo PS com a troika «estabeleceu determinado número de regras que não se adaptam à realidade do país» - não explicou como as regras que foram sendo adoptadas no passado sem protestos poderiam se retomadas conduzir o país a um sítio diferente daquele onde se encontrava em Abril do ano passado.
QED

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