E a esquerda, pá?
Vivemos a maior crise do capitalismo desde os anos 30, nunca o desemprego foi tão grande, todos os dias se sucedem horrores típicos de um festim de "neoliberalismo selvagem". E no entanto a esquerda mal se vê, para além de umas vagas lamentações sobre a destruição do "Estado Social" e de uma ou outra greve mais ou menos fracassada. O que se passa?
Passa que a esquerda nada tem para oferecer de diferente. A esquerda não tem hoje um modelo de sociedade alternativo: não quer regressar aos horrores do comunismo e a melhor coisa que imagina é o "capitalismo social" desenvolvido no Ocidente no último meio século. Ora, é isso mesmo que agora está em crise.
No fundo, a esquerda implora para que os actuais pacotes de austeridade e reforma salvem o capitalismo, para poder daqui a uns anos voltar à única coisa que hoje em dia sabe fazer: usar a prosperidade do capitalismo para lançar grandes programas de despesa pública. Mais do que ninguém, ela precisa do sucesso dos programas de ajustamento para continuar a existir. A gente de esquerda não tem para onde se voltar: a esquerda também faz parte do "partido da austeridade".
Luciano Amaral, no CM via Insurgente
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