Cavaco Silva calou-se, ou falou baixinho, quando deveria ter falado. Depois da reeleição e até recentemente, falou pelos cotovelos. Voltou a calar-se depois de ter percebido que a populaça já não podia ouvi-lo, reproduzindo o padrão já conhecido de se encolher quando as costas se lhe esfriam.
O mentor calou-se, por agora, mas a tralha cavaquista continua a fazer o papel de oposição, substituindo Seguro que se tem mostrado muito inseguro. A tralha camuflada, a coberto do jornalismo de causas, vai transmitindo recados anónimos para os jornais tentando passar a imagem de um Cavaco Silva «provedor das angústias e das aspirações dos portugueses».
A parte pública da tralha, com destaque para Manuela Ferreira Leite, honra lhe seja feita, mostra a cara e lá vai dando conta das suas distâncias e dos seus estados de alma face à governação. Não está em causa o direito às distâncias e à manifestação dos estados de alma, o que até mostra em abstracto um saudável pluralismo. Está em causa apenas um módico de coerência que parece estar a falecer a MFL e definitivamente desertou de quase todos os outros cavaquistas.
Entre os muitos exemplos que pululam os seus escritos e nas suas declarações aos média (uma pesquisa Google «governo critica OR acusa "ferreira leite"» no último ano apresenta mais de 9 mil resultados), vou apenas citar o último em que MFL critica no Expresso o actual ministro das Finanças por ter andado a dar «caldos de galinha» a alguns e só agora ter nomeado uma equipa para tratar das fundações.
Tem MFL razão? Evidentemente que tem. E teria muito mais se explicasse o que andou a fazer pelas fundações durante as várias passagens por diversos governos e nomeadamente enquanto ministra de Estado e das Finanças do XV governo.
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