26/04/2012

DIÁRIO DE BORDO: Os donos do 25 de Abril querem nomear os representantes do povo

Durante a «verdadeira» comemoração do 25 de Abril, o coronel Vasco Lourenço acusou os eleitos de já não representarem a sociedade portuguesa, com a autoridade de quem nunca se submeteu a uma eleição e que lhe advém de ser um dos representantes da corporação de oficiais que depois de décadas de convivência amigável com o fascismo se zangaram com o regime, montaram um golpe militar, se deixaram instrumentalizar pelos comunistas e pelos esquerdistas de todas as tendências, e só foram desmontados do cavalo do poder, no dizer pitoresco do coronel do Campo Pequeno, e da tutela do regime, depois dos 8 longos anos desde 25-04-1974 até 30-09-1982.

Reavivando as memórias, recorde-se que as reivindicações da corporação na origem do golpe militar residiam no descontentamento entre os oficiais do quadro por estarem a ser promovidos a capitães oficiais milicianos na segunda vez que eram mobilizados para fazer o trabalho que os profissionais da Academia Militar não faziam. Recorde-se serem incorporados compulsivamente todos os soldados e serem milicianos a esmagadoras maioria dos sargentos e oficiais subalternos que no mato faziam a guerra. Não havia praticamente um comandante de pelotão que não fosse alferes miliciano. Contem-se as baixas e vejam-se quantos oficiais do quadro foram abatidos em combate.

Recorde-se ainda que a essa corporação de oficiais representada pelo coronel Vasco Lourenço se deve creditar o abandono das ex-colónias e a sua entrega ao comunismo tribalista que esteve na origem de guerras civis em Angola e Moçambique que se prolongarem por 3 décadas e fizeram muito mais vítimas do que a guerra colonial.

Declaração de interesse: depois de 39 meses a «servir a pátria» na retaguarda (fui um dos primeiros classificados do COM e a mobilização começava pelos últimos) estava na calha para ser mobilizado como capitão para uma das colónias. Fui salvo pelo gongo do 25 de Abril.

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