Secção Tiros nos pés
A trapalhada dos cortes do 13.º e 14.º mês serem por 2 anos ou durante o período de intervenção da troika ou até 2014, consoante alturas ou os protagonistas, foi uma espécie de momento socrático deste governo. Com uma pequena diferença.
Sócrates é um mentiroso consumado e psicótico que se convence da verdade das mentiras que diz e o aparelho socialista aceita a mentira como necessária para os bons fins que imagina prosseguir, como seja manter-se no poder e manter os seus apparatchiks e novos situacionistas na zona de conforto.
Este governo é composto de gente mais normal que diz coisas erradas por ignorância ou incompetência ou diz mentiras para adiar uma revelação de uma medida desagradável ou para explicar porque não disse a verdade na altura oportuna ou para emendar a mão numa asneira anterior. E faz tudo isto com pouco à vontade e sem aquela ousadia que caracteriza a política da manipulação sistemática.
Pessoalmente, defendo por princípio que a verdade é a melhor política, princípio de que na realidade, e não só doméstica, é mais raro encontrar praticantes do que linces na serra da Malcata. Mas ao menos por razões utilitárias, os políticos poderiam perceber que no mundo moderno a informação circula tão rápida e generalizadamente que as mentiras factuais têm vida cada vez mais curta do que os ciclos eleitorais.
É por isso que não é muito inteligente emendar uma asneira ou uma mentira com outra mentira ou meia verdade. É uma estratégia cujo sucesso depende da estupidez do eleitorado e da incompetência da oposição. Embora uma e outra sejam abundantes, não são inesgotáveis e, mais tarde ou mais cedo, a coisa acaba por ruir.
E também não é muito inteligente a estratégia de uma oposição, que tem colados anos de manipulação sistemática a uma escala industrial, protestar o uso da medicina que administrou com prodigalidade à populaça.
Como não é muito inteligente da parte do jornalismo de causas e dos comentadores de serviço que conviveram pacificamente com essa manipulação sistemática mostrarem agora a indignação a que se pouparam nos últimos 7 anos.
Por tudo isto, 3 urracas e 4 chateaubriands para o governo e a coligação que o suporta, 4 bourbons e 2 ignóbeis para a oposição socialista, 5 pilatos para o resto da oposição e 5 ignóbeis para o jornalismo de causas.
Sem comentários:
Enviar um comentário