10/03/2012

NÓS VISTOS POR ELES: Não nos levam a sério? Porque será?

O artigo da Economist sobre a crise portuguesa «The uncertainty society», tem algumas imprecisões. A mais ridícula delas será porventura citar um ministro do Mar que não existe, seguida de perto pela invenção de «monárquicos excêntricos» no parlamento.

Diferentemente de outros leitores, não fiquei indignado com as simplificações para nós grosseiras da realidade portuguesa. Muitas delas parecem-me inevitáveis num artigo de mil palavras e, no fim de contas, o diagnóstico no essencial está correcto. Se um jornalista português escrevesse um artigo de mil palavras sobre a Inglaterra certamente não teria menos simplificações grosseiras e lugares comuns. Para ser justo, a maioria dos jornalistas portugueses até o faria num artigo sobre Portugal.

Contudo, o mais interessante e digno de nota na minha opinião é o tom complacente com que mais um artigo trata das nossas desgraças como se fossem um fado (e não são?), sublinha o nosso conformismo e falta de reacção. Na verdade, não nos levam a sério. Podemo-nos indignar à vontade e vitimizar, mas seria melhor se nos interrogássemos criticamente sobre o que leva essa gente a olhar-nos com displicência.

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