05/06/2011

Declaração (im)pertinente de voto – só se pode escolher o que está à escolha

Entre uma criatura com apartamento no Héron Castilho comprado através de uma offshore, ninguém sabe com que dinheiro, e outra com um apartamento em Massamá, comprado com dinheiro emprestado pelo banco, optamos por Massamá.

Entre um cábula com um curso terminado ao domingo numa universidade entretanto encerrada, com um diploma falsificado, e um aluno médio de uma universidade de segunda linha, escolhemos este.

Entre um sujeito cuja curta vida profissional consistiu em assinar projectos de horrorosas casinhas na Covilhã e outro com trabalhos e cargos variados, aparentemente banais mas decentes, optamos pelos cargos variados.

Entre um cidadão sobre o qual impendem suspeitas de corrupção, em casos que vão desde a Cova da Beira até ao Freeport, suspeitas de tal monta que só talvez a sua mãe e os devotos sem um módico de discernimento acreditam na inocência, e outro cujo caso mais comprometedor no seu passado, encontrada pelos zelosos serviços da central de manipulação do primeiro, foi uma coima por contaminação ambiental duma empresa da qual tinha sido administrador, escolhemos o segundo.

Entre um mentiroso compulsivo, destituído de todos os vestígios de vergonha e de escrúpulo, e alguém que possivelmente diz meias-verdades quando a verdade lhe é inconveniente, escolhemos este.

Entre um político que enche a boca com o ensino público e matricula os filhos no ensino privado (Colégio Alemão e Colégio Moderno) e um político que defende o ensino privado e matricula dos filhos no ensino público, opto pelo segundo.

Entre alguém cuja experiência governativa conduziu ao maior desemprego dos últimos 90 anos, à maior dívida pública dos últimos 160 anos, ao mais baixo crescimento económico dos últimos 90 anos, à maior dívida externa dos últimos 120 anos, à mais baixa taxa de poupança dos últimos 50 anos, segunda maior taxa de emigração dos últimos 160 anos e alguém que não tem experiência governativa, optamos pela falta de experiência.

Entre um partido que governou durante 13 dos piores 16 anos do regime democrático e um partido que governou menos de 3 anos, optamos por este.

Entre um partido que consumou a maior ocupação da história do aparelho de estado português pelo seu pessoal (maior do que a da União Nacional) e um que protagonizou a terceira maior, preferimos este último.

Entre um partido que mantém um conúbio espúrio entre a política e o grande capital financeiro e um partido ligado ao pequeno capital industrial, preferimos este último.

Entre um partido empenhado em manter a intelectualidade das sinecuras e os artistas do subsídio e por eles ser apoiado e um partido sem pergaminhos intelectuais, escolhemos a falta de pergaminhos.

Entre o prejuízo da certeza e o benefício da dúvida, optamos pelo benefício da dúvida.

Impertinente ............................................ Pertinente

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