28/01/2011

Estado empreendedor (42) – o preço do troço é caro mas o preço das almas nem por isso

O troço Poceirão-Caia (para que serve?) do TGV ainda antes de assentar a primeira travessa já aumentou o valor actual líquido de 1.473 milhões para 1.667 milhões ou seja já ultrapassou a BAFO - best and final offer (1.560 milhões) do consórcio vencedor que determinou a adjudicação. Tudo isto à pala da transferência do risco arqueológico do Estado para o consórcio. Sabendo-se que os cerca de 160 km do trajecto estão literalmente atulhados de ruínas, está tudo explicado.

Entretanto, o CDS fez umas contas (espera-se que tenham aprendido a tabuada) e conclui que 17 gestores de empresas públicas e 2 presidentes de entidades reguladoras recebem em média 247 mil euros por ano, o governador do BdeP recebe quase o dobro do Bernie Bernanke do FED e o presidente da ANACOM ganha mais do que Frau Merkel. É demasiado? Não estou certo disso. Afinal qualquer mísero gestor público tem que vender a alma ao diabo e todos sabemos que as almas não são baratas.

O preço das almas é caro mas o preço das consciências deve ser barato, como se poderá inferir pelos 4 mil contratos acima de 150 mil euros adjudicados por ajuste directo desde Julho de 2009 contados pelo ionline (espera-se que tenham aprendido a tabuada).

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