01/10/2009

Sou eu que estou a ver mal ou os submarinos estão a emergir outra vez

É bastante estranho uma antiga potência marítima comprar submarinos. Não tanto por serem submarinos, mas por serem apenas dois. A primeira ideia que me ocorreu foi que o racional da compra seria oferecer um brinquedo ao almirantado. E porquê dois submarinos? Somos pobres, não podia ser só um? Diziam os cadetes milicianos 3 ou 4 décadas atrás que a Marinha tinha então 3 submarinos: um que só imergia, outro que só emergia e o terceiro que não imergia nem emergia. É pois natural que, com o preço a que chegaram os submarinos modernos, um país pobre que só tinha três velhos passasse a ter dois novos - um para imergir e outro para emergir.

Já é mais familiar o processo de compra, conduzido por Paulo Portas, que encarnava em 2004 o ministro da Defesa do governo Barroso, estar contaminado de suspeitas de corrupção, tráfico de influências e financiamento ilegal de partidos políticos. É igualmente familiar a imersão do processo de investigação durante bastante tempo até emergir agora com a visita mediática do DCIAP, Inspecção de Finanças e GNR ao escritório de advogados Sérvulo & Associados.

Mesmo sem querer, uma pessoa tende a não precisar de explicações para a imersão do processo de investigação durante anos nas profundezas do oceano da incúria, negligência, compadrio, etc. A imersão dos corpos mais densos é, digamos assim, um fenómeno físico natural que não carece de interpretação. O que ainda resta compreender é o fenómeno da emersão, precisamente neste momento pós-eleitoral, quando o partido envolvido conseguiu um vibrante resultado com as consequências conhecidas em matéria da geometria das coligações possíveis.

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