25/10/2009

CASE STUDY: quem é o deus ex machina da Ongoing? (7)

[Continuação de (1), (2), (3), (4), (5) e 6)]

As hostilidades visíveis começaram com o artigo «Seremos todos parvos, senhores?» de Nicolau Santos no Expresso (citado aqui), onde se expunha o deus ex machina da Ongoing, que afinal não é deus, é apenas o Espírito Santo que respondeu pela boca do Diário Económico por duas vezes. Primeiro, insinuando que a Impresa também teria um deus ex machina (o BPI) e depois expondo a dependência que as receitas dos canais temáticos da SIC têm da PT, cujos maiores accionistas são, recorde-se os Espíritos e a Ongoing, isto é os Espíritos. Para bom entendedor meia palavra é suficiente.

Com a publicação ontem do artigo «A insidiosa maneira de enriquecer», sequela ela própria insidiosa do «Seremos todos parvos, senhores?», Nicolau Santos passa o conflito para um novo patamar recorrendo ao arsenal de dirty weaponry. Por essa razão, este post poderia tema também enquadrar-se na área «Artigo defunto» do (Im)pertinências, onde se exumam cadáveres que apodrecem em páginas de jornais infestados pelo jornalismo de causas e pelo jornalismo de opiniões. Cadáveres alinhavados umas vezes por falta de vergonha, outras por incompetência.

Nesse artigo, sem nunca chamar os nomes aos bois, expõe-se o processo de criação da Ongoing alavancando uma hipoteca para obter empréstimos garantidos com as acções posteriormente compradas (PT e Impresa, presume-se), empréstimos directamente autorizados, insinua-se, pelo chefe dos Espíritos. Para olear toda esta maquinaria, sempre segundo Nicolau Santos, a Ongoing usa a sucursal da multinacional Heidrick & Struggles, onde Nuno Vasconcelos e o seu sócio Rafael Mora pontificam, para prestar serviços de gestão de carreira, corporate governance, etc. às empresas participadas da Ongoing e usar a «capacidade persuasão junto dos principais quadros dessas empresas» para influenciar decisões e (mais) compra de serviços. A cereja no topo do bolo, segundo Nicolau Santos, será a utilização dos meios de comunicação social «para justificar a sua estratégia e utilizá-los como arma de arremesso … e apoiar o governo de plantão (o que) é um bom cartão de visita para negócios onde o Estado tem influência».

Tudo isto parece suficientemente verosímil e é bom que seja exposto para mitigar a crescente asma da democracia portuguesa. A forma como é escrita a peça de artilharia não é uma honra para o jornalismo profissional.

NOTAS:
  1. «Apoiar o governo de plantão» é uma afirmação surpreendente vinda de Nicolau Santos, cuja prosa nos últimos 4 anos tem sido bastante dedicada ao lip service do governo socialista.
  2. Parece haver uma outra frente da mesma guerra, onde se usa armas mais pesadas e onde começam a aparecer os generais. Leia-se a entrevista de Henrique Granadeiro a propósito da entrega para gestão à Ongoing de 75 milhões de fundos da PTP.

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