19/06/2009

A estória não parece bem contada

Não conheço o acordo laboral proposto para aprovação pela comissão aos trabalhadores da Autoeuropa. Creio que é razoável supor que a comissão considera que conseguiu um resultado aceitável com a negociação, sendo por isso surpreendente que os trabalhadores tenham recusado aprová-lo num contexto de profunda crise económica e de risco significativo da VW fechar a fábrica.

Não conheço a estrutura de custos da fábrica mas, mesmo dando pouco crédito aos 5% que Carvalho da Silva, o secretário-geral da CGTP, garante que representa o «volume geral dos salários na Autoeuropa … nos custos de produção», também não me parece que possa representar uma percentagem muito maior. (*)

Sendo assim, se é difícil perceber porque faz tanta questão a Autoeuropa nas «horas extraordinárias de meia dúzia de sábados num ano», não é mais fácil perceber porque recusam os trabalhadores um acordo por causa do que na conjuntura actual terão que se considerar uns trocos.

(*) As etapas de fabrico apenas abrangem Prensagem de painéis da carroçaria, Construção da carroçaria, Pintura e Montagem final, sendo certo que os trabalhadores da Autoeuropa representam apenas 1/3 da mão-de-obra portuguesa incorporada no produto final, sendo os restantes 2/3 dos fornecedores.

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