O liberalismo académico gosta de imaginar que os mercados são o deus ex machina das sociedades humanas. Em particular gosta de sonhar que os salários dos executivos são ditados pelos accionistas. Ouçamos o que tem para nos dizer a este respeito António Carrapatoso que, em vias de deixar o seu cargo na Vodafone, trata o tema com alguma franqueza e o suficiente conhecimento de causa.
«À partida as coisas seriam simples. Os salários e bónus dos gestores resultariam da lei da procura e da oferta relativa ao seu trabalho e ninguém teria nada a ver com o assunto, excepto os accionistas da organização em causa que, tendo aprovado o pacote de compensação, beneficiariam com a respectiva razoabilidade ou sofreriam com a falta desta.
Se a um determinado gestor fosse atribuído um salário base e um esquema de bónus muito atractivo seria porque os accionistas acreditavam no potencial deste gestor para acrescentar um valor substancial à organização. Se o gestor viesse a ganhar bónus extraordinários, então teria decerto também criado um valor extraordinário para a organização, beneficiando ainda a sociedade em geral. Mas, no mundo real, as coisas não funcionam como o teoricamente previsto.»
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