O engenheiro José Sócrates manifestamente abomina os factos desagradáveis da realidade da sua governação. Nega-os, a menos que possa atribuí-los aos governos antecedentes ou a uma crise externa. Nos últimos quase 14-catorze-14 anos a oposição só pode responder por menos de 4 (3 anos e 3 meses de José Barroso e 8 meses de Pedro Lopes) pelo que se torna cada mais difícil sacudir a água do capote. Se o senhor engenheiro continuar até 2013, será quase uma missão impossível, até para um mestre da arte da mistificação, responsabilizar a oposição pelas desgraças de 18 anos. Os próprios efeitos da crise podem já estar em 2013 demasiado mitigados para se lhes poder assacar a causa das nossas desgraças que já eram evidentes pelos menos desde 2000.
Por ser assim, é cada vez mais importante procurar modificar a aparência da realidade do país, na impossibilidade de transferir a sua responsabilidade para a oposição ou atribuí-las a uma qualquer crise. É aqui que se aplica o princípio de Kahn cuja aplicação se recomenda vivamente ao senhor engenheiro.
Como recordou recentemente a Economist, Alfred Kahn, um dos assessores económicos do presidente Carter, foi por este repreendido por ter-se referido publicamente em 1978 a uma possível depressão da economia americana. Na sua intervenção seguinte, Alfred Kahn disse que «we're in danger of having the worst banana in 45 years».
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