Segundo o professor Bryan Caplan (*) da Georges Mason University, os eleitores podem a votar mal por 4 ordens de preconceitos. Um preconceito anti-mercado impede os eleitores de perceber que a procura do interesse privado não é incompatível com o interesse público e, muitas vezes, da procura do primeiro resultam benefícios para o segundo. Um preconceito xenófobo leva-os a subestimarem os benefícios das relações com o estrangeiro. Um preconceito «make-work» (uma ideia tipicamente keynesiana, anos trinta) que confunde prosperidade com emprego, em vez de produção. Um preconceito jeremíaco que leva os eleitores a avaliarem a situação económica como pior do que é, de facto.
O caso da câmara de Lisboa poderia ser uma daquelas excepções à regra que a procura do interesse privado não é incompatível com o interesse público. Não é directamente relevante o preconceito xenófobo e uma visão jeremíaca dificilmente seria mais pessimista do que a resultante duma análise realista à situação de irremediável falência da câmara.
Resta-nos o preconceito «make-work» que esse, sem dúvida, torna fatal o voto errado, à míngua de candidatos com propostas ou vontade política para tocar neste ponto. Dez funcionários por mil habitantes, uma vez e meio o rácio do Porto e o dobro de Barcelona ou Madrid, com uma taxa de absentismo superior a 10%, numa conjuntura de desemprego ao nível historicamente mais elevado das últimas décadas. E não vale o argumento que Lisboa é inundada todos os dias por centenas de milhar de commuters que justificariam esses rácios, porque esse rácio é próximo ou superior nas câmaras da zona metropolitana de Lisboa.
(*) The Myth of the Rational Voter [ver aqui uma interessante review]
Sem comentários:
Enviar um comentário