04/06/2007

SERVIÇO PÚBLICO: as pirâmides do estado napoleónico-estalinista (12)

Dizem que é uma espécie de chaparro

«Nestas linhas procuraremos analisar o processo de um ponto de vista ambiental - pois foi com este critério, diz-se, que foi rejeitada uma outra opção, em Rio Frio.

Antes de mais, uma nota: segundo a legislação portuguesa, as grandes obras públicas devem ser acompanhadas de um estudo de impacte ambiental que, para o comum dos cidadãos, deve ser resumido num 'resumo-não-técnico' onde, de forma simples, sejam expostos os problemas ambientais que por ela virão a ser causados. Ora esse resumo não-técnico parece faltar em absoluto. Será tal falta razoável numa obra de tal envergadura, e que há tantos anos anda a ser discutida?

Sabemos que a localização em Rio Frio foi abandonada no tempo da ministra Elisa Ferreira por razões ambientais (*), entre as quais a necessidade de se proteger uma mancha de sobreiros, espécie protegida em Portugal. De facto, o sobreiro é uma espécie nativa do nosso país (os sobreiros serão mesmo restos da vegetação primitiva) e Portugal é o maior produtor de cortiça do mundo.

Muito bem. Só que esta abordagem esquece que os sobreiros ocupam uma área de 730 mil hectares, 8,5% do país, e que são uma espécie de zonas secas - enquanto na Ota o aeroporto se iria (irá?)construir sobre uma zona húmida. Designam-se por zonas húmidas aquelas em que há água ao nível do solo (ou pouco abaixo desse nível) durante a maior parte do ano. Ora, em Portugal, são estas as que escasseiam (limitando-se a cerca de 1 % do território) e não as zonas secas.
»

(Ota: opção política ou técnica?, António Manuel Saraiva, arquitecto paisagista, no Sol)

(*) Diferentemente do que escreve o autor, a doutora Elisa Ferreira disse ao Sol que «não houve nenhum veto ambiental» à localização do novo aeroporto internacional de Lisboa em Rio Frio.

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