Está o marido dela, falsamente respeitoso (a patroa maiúscula), que finge confessar os seus (mais do que justificados) receios, e que se revela falando de sedução e de usar as armas do inimigo para melhor o dominar (já não lhe chegava dormir com ele).
Mandei o seu post à Patroa. Vamos ver se me deixa entrar em casa hoje ou não.
Nesta dicotomia que no seu blog documenta através da etiqueta «iguais mas diferentes» há um exemplo recente que gosto que tenha ocorrido: interpreto que uma parte da vitória do Sarko sobre a Sego foi uma vitoria do macho sobre a fêmea, do sexo fraco sobre o sexo forte (não, não me enganei).
Já nem entro em linha de conta com o erotismo do frente-a-frente entre os dois no qual a Sego até chegou a levar um penteado semelhante ao da mulher de Sarko. Sarko com um sorriso que corrompe qualquer um e Sego, senhora, elegante, distinta: todo o debate girou à volta da sedução (entre ele e ela mas também e sobretudo entre eles e o público, em que ela de forma desafiadora, forma essa tão típica aos machos, nunca deixou de o fixar olhos nos olhos como que a afirmar a sua superioridade de matriarca. Marcou-me também o facto do François dela quase nunca aparecer enquanto que a Cecilia dele foi desaparecendo à medida que a campanha se tornava mais intimista. Só voltou no dia da vitória, substituindo a outra.
Foi uma campanha sexy. Ao contrario das precedentes com Chirac morto-vivo e Mitterand zombie, são dois «jovens», de bom aspecto, que usam e abusam do seu charme em parte natural em parte produto puro de marketing, ultrapassados só pelo Kennedy e a sua Jacqueline. Ele faz ciclismo, ela vela e nada.
Ele tem ideias e pensamentos - certos ou errados - mas estruturados, preparados, fundamentados, cartesianos. Ela é intuição feminina bruta no sentido exacto dado pela Simone de Beauvoir («a intuição feminina é aquele instinto estranho que permite a uma mulher saber que está certa, quer o esteja ou não»). Como aquele caso sub-demagógico dela querer que as mulheres-polícia fossem acompanhadas para casa por um polícia para evitarem o que acontecera dias antes a duas delas.
É pois uma vitória do Homem sobre a Mulher.
Sobretudo quando, para ganhar, ele utilizou armas tipicamente femininas e não as suas ideias e pensamentos.
Sem comentários:
Enviar um comentário