Não é preciso ser-se liberal para se aceitar a razoabilidade dos utilizadores do automóvel pagarem as suas externalidades, tais como poluição, ruído, manutenção rodoviária, etc. (*)
Daí, o anúncio do secretário de Estado do Ambiente que «o Governo está disponível para reforçar o diálogo com a Associação Nacional de Municípios no sentido de promover a introdução de portagens nas cidades» poderia ser uma notícia refrescante.
Seria, se o governo não fosse já no milésimo anúncio de reforma que fica nos pixels da TV, no éter e no papel dos jornais e, às vezes, no papel do Diário da República, de que não se viram, até agora, efeitos relevantes na ecoanomia, nas empresas, ou nos sujeitos passivos.
Sabendo-se a complexidade e custo destas medidas (veja-se o caso de Londres), a sua previsível imediata impopularidade, seguida talvez por uma mitigada aceitação (veja-se o caso de Londres) depois de sentidos os efeitos positivos, sabendo-se tudo isso, o que se pode esperar dum governo que não tem grana nem para mandar cantar um cego e está no final do seu período de borla? Sound bites e a descoberta surpreendente da sua veia descentralizadora que empurrou a coisa para cima «da vontade dos municípios». Vontade não servida por fundos à altura da ambição e, no caso do município de Lisboa onde a medida mais se justificaria, apenas servida por uma pantagruélica dívida.
(*) O imposto sobre os produtos petrolíferos é uma outra estória que agora não tenho tempo para tratar.
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